quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Início

Você não sabe como é, você não entende. Foi a última frase que a ouvi dizer naquele dia. Ela repetia insistentemente com um ar de agonia e um olhar que deixava claro que o desespero estava presente em seu espírito. Eu sabia que não poderia ajudá-la, mas aquilo me deixava mal e eu precisava tentar. Percebi que tudo que eu fazia só a deixava pior. Foi aí que decidi me calar e ouvir as poucas palavras que ela dizia. A cada repetição, uma entonação diferente. Eu via aquilo tudo como uma situação muito embaraçosa, acima da dor da menina e acima do sentimento de querer ajudá-la.

Como eu poderia analisar uma situação daquelas de maneira diferente? Uma garota muito bonita nua em meus braços, dizendo frases aparentemente sem sentido. Ela era realmente muito bonita, mesmo com seus cabelos molhados e despenteados. Naquele frio cortante, sem pudor algum, ela só demonstrava sua dor interna. Ignorava seus ferimentos aparentes, que sangravam bastante.

Senti atração, mas esse sentimento foi rapidamente reprimido pela agonia que ela transmitia. Ela estava completamente vulnerável. Foi a única vez que a vi assim durante todos esses anos. Ela nunca me disse o que realmente aconteceu naquele dia, mas eu não me esquecerei de tudo aquilo.

Um comentário:

  1. A falta de descrição dos personagens e do cenário deixou tudo muito atraente. Apesar de ter ficado bem confusa(acho que era essa e idéia) o conto ficou muito bom =]

    ResponderExcluir